desencontros
eu andava, fingindo distração, mas meu corpo me traía; sentia seus olhos em mim e algo me invadia, mal podia conter os suspiros. as roupas pareciam demais, eu desejava correr pelo saguão silencioso e frio e procurar aquela réstia de sol e me expor nua aos seus olhos, exibir dourados e rosas e cremes, sentir seus olhos, como sempre, acariciando minhas curvas e cantos escondidos. não que suas mãos e sua língua fossem demais, é que seus olhos oblíquos me faziam dançar por dentro e desejar me tocar como retraçando seus caminhos. continuava andando, como era esperado, mas ajustava meus passos para reencontrar você, docemente úmida. você sempre sabe o que vem de mim e como quem não percebe, roça meu braço e meu peito; sua surpresa é quase legítima, não fosse o sorriso nos olhos e as mãos quase tocando seu próprio pau. enlouqueço no espaço de segundos e imagino seu corpo suado e o meu, de novo, o calor e suas mãos me invadindo, noites inteiras de gozo e culpa. meu cheiro agora é tão forte que tenho certeza que quando passo, outros homens me olham sem saber bem porquê. procuro você com meu corpo, meus olhos e minhas mãos esvoaçantes, toco seus braços peludos, seus dedos, suas costas enormes, sempre como quem passa sem notar, me alimento do prazer destes segundos roubados. mais tarde, no enorme banheiro cheio de ecos, disfarço meus gemidos de gozo reprimido e imagino seus olhos adivinhando meu doce desespero e sorrindo.
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